Quaresma - Segundo São Gregório Magno
Começamos hoje os santos quarenta dias da quaresma, e devemos examinar atentamente por que esta abstinência é observada durante quarenta dias. Moisés, para receber a lei uma segunda vez, fez jejum de quarenta dias (Gn 34,28). Elias , no deserto, se absteve de comer quarenta dias (1Rs 19,8). O Criador dos homens, fazendo-se homem entre os homens, não tomou o mais mínimo alimento durante quarenta
dias (Mt 4,2). Esforcemo-nos também nós enquanto nos seja possível, de frear nosso corpo pela abstinência neste tempo de quaresma, a fim de chegar a ser, segundo as palavras de Paulo "uma hóstia viva"(Rm 12,1). O homem é uma oferenda ao mesmo tempo viva e imolada (cf. Ap 5,6)quando sem deixar esta vida, faz morrer nele os desejos deste mundo.
É a satisfação da carne que nos conduziu ao pecado (Gn 3,6); que a carne mortificada nos devolva o perdão. O autor de nossa morte, Adão transgrediu os preceitos da vida, comendo o fruto proibido da árvore. Faz falta, pois, que nós, que perdemos as alegrias do Paraíso por causa de um alimento, nos esforcemos em reconquistá-las pela abstinência.
Mas, ninguém suponha que esta abstinência é suficiente. O Senhor diz pela boca do profeta: "Não consite nisto o jejum que escolhi? Em repartires o teu pão com o faminto, em recolheres em tua casa os pobres desabrigados, em vestires aquele que vês nu e não desprezar ao teu semelhante" (Is 58,6-7). Este é o jejum que Deus quer: um jejum realizado no amor ao próximo e impregnado de bondade. Dá, pois aos outros daquilo que tu te absténs; assim, tua penitência corporal de teu próximo, que está necessitado." (São Gregório Magno).
São Gregório Magno :
Num tempo conturbado da Igreja foi eleito um dos papas mais importantes da história da Igreja, São Gregório I, Magno (590-604). Foi o segundo Papa a receber o título de Magno. Foi o primeiro monge (beneditino) a ser papa. Intitulou-se “Servus servorum Dei” – “Servo dos servos de Deus”. Ele levou avante a educação dos bárbaros, como que completando o trabalho de S. Leão Magno, alargando as fronteiras do Cristianismo.Chegaram a nós 848 cartas de São Gregório Magno e muitas homilias ao povo. Em toda parte deixou sua marca, no campo litúrgico a promoção do canto gregoriano, o cantochão. Sua familiaridade com a Sagrada Escritura aparece nas “Homilias sobre Ezequiel” e 35 volumes de comentários sobre o “Evangelho de São João”, que tornou-se o manual básico de teologia moral da Idade Média, os “Moralia”, que atestam sua admiração por santo Agostinho. Profunda influência exerceu juntamente com a Vida de São Bento, o seu livro Regra pastoral. Reformou o clero, organizou a liturgia e reorganizou as possessões da Igreja. Não se esqueceu dos pobres. (Professor Felipe Aquino-site Cléofas)
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