Origem da Devoção do Sagrado Coração de Jesus


"Sagrado Coração de Jesus, é pelo vosso amor, pela conversão dos pobres pecadores e pelo triunfo do Imaculado Coração de Maria"




Louvado seja o coração de Jesus.
Para sempre no Coração de Maria

Com vosso filho ó mãe pia
Abençoai-nos ó Virgem Maria.

Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Amém



Breve relato sobre a Origem da devoção do Sagrado Coração de Jesus

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é tão antiga quanto a cristandade, já anunciada na santa ceia quando Jesus denuncia a traição de Judas. Relata São João Evangelista, que neste momento Pedro pede para o discípulo amado que pergunte ao mestre quem seria o traidor, este discípulo reclinado sobre o peito de Jesus, faz a referida pergunta. Naquele tempo sentavam-se em almofadas por isso ao virar para falar em particular, o vizinho reclinava sobre o seio do companheiro. Assim, reclinando sobre o peito do Senhor o discípulo revela, intimidade, cumplicidade e afeto que tinham entre si (Jo 19,21-26). O discípulo podia escutar as batidas do coração do mestre, entrar em sintonia com os apelos de seu coração. Já na crucifixão, o mesmo evangelista, São João, relata que o soldado perfurou o coração de Jesus deixando o lado aberto de onde jorrou sangue e água; enfatizando que: aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro porque sabe que fala a verdade. Ainda termina o relato citando Zacarias " olharão para aquele que transpassaram" (Zac 12, 10). Este fato assim narrado, nos faz perceber um olhar especial dos primeiros cristãos para este coração que jorrou sangue e água.
No sentido bíblico o coração é o centro da vida física e espiritual, nele estão nossos pensamentos, desejos, vontades, afeições... O coração de Jesus é pleno de caridade e pureza, mas o coração humano abriga o bem e o mal, boas e más inclinações, virtudes e vícios, talentos e defeitos.
Este olhar para o coração transpassado de Jesus é contemplar o coração de carne de um Deus, nosso Deus, que foi formado pelo Espírito Santo no ventre imaculado de Maria; um coração que é ardente de amor para com o Pai, ardente de amor para com as criaturas, que se tornou para nós fonte de toda consolação. 
Os padres da igreja, explicavam muitos textos da escritura no sentido da devoção do Coração de Jesus, entre eles São Crisóstomo, Origenes e Santo Agostinho. São Bernardo (sec. XII) desenvolveu a espiritualidade dos membros chagados de Jesus, especialmente o Coração. Contudo a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, assim como conhecemos hoje, foi sendo formada nos mosteiros da Alemanhã e da França com revelações particulares concedidas a santos, podemos destacar em especial Santa Matilde (1241-1298) e Santa Gertrudes (1256-1302),  que foram grandes divulgadoras desta devoção, através de revelações extraordinárias, relatadas em seus escritos. Estes escritos foram divulgados pelo cartusiano Landsberger (1539) a fim de promover o culto ao Coração de Jesus, incluindo imagens simbólicas, 150 anos antes de Santa Margarida Maria Alacoque. Também São Francisco de Salles em 1610 fundou as filhas do Sagrado coração, para tributar culto ao coração divino. E ainda, São João Eudes (1601-1680), embora não tenha sido o primeiro a iniciar esta devoção, foi aquele que introduziu o culto litúrgico do Sagrado Coração de Jesus, colocando ao seu lado o Coração de Maria. O Papa Leão XIII, por ocasião do decreto de beatificação do santo observou que ele foi o primeiro que por inspiração divina tributou ao Coração de Jesus e de Maria um culto litúrgico.
Com Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), por pedido do próprio Jesus, a ela revelado em visão mística, a devoção se torna mais intensa. Para que isto se realizasse a santa contou com a ajuda de seu diretor espiritual, padre Jesuíta que se tornou  São Cláudio de la Colombiere. Conforme desejo de Jesus a devoção se destina a reparação das ofensas que são sofridas por seu coração, devido a ingratidão dos homens.
Santa Margarida era agraciada com visões de Nosso Senhor Jesus, que conversava com ela. Em três aparições, Ele lhe confia uma mensagem para toda a igreja, assim foram chamadas "Grandes Aparições", nestas aparições Nosso Senhor revela-lhe o seu Coração. Por ocasião da primeira aparição(27 de dezembro 1673) manifestou-lhe seu amor apaixonado aos homens, na segunda (numa primeira sexta feira de 1674) Ele revela que este amor não é retribuído, mas ofendido e desprezado.
Na terceira aparição, que ocorreu em junho de 1675 na oitava de "Corpus Christi", quando a santa adorava o Santíssimo Sacramento, Jesus lhe apareceu e descobriu seu divino coração e disse: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-Se e consumir-Se, para manifestar-lhes Seu amor. E como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, desprezos, irreverências, sacrilégios, friezas que têm para comigo neste Sacramento de amor. E é ainda mais repugnante, porque são corações a Mim consagrados”. A esta revelação Jesus acrescenta um pedido, de que na primeira sexta feira após a oitava da festa do Corpo de Deus, fosse instituída uma festa para honrar o seu Coração, e que neste dia fosse feita a comunhão e ato de desagravo para reparar as indignidades que Ele recebe durante o tempo que fica exposto sobre os altares. E também faz uma promessa formal de acrescentar favores especiais a quem assim honrar seu Coração e procurar que outros façam o mesmo.
Santa Margarida Maria alegou sua indignidade e incapacidade para realizar tal missão, coube ao então Padre Cláudio, seu confessor,que se tornaria santo, ajudá-la. Ele estudou as revelações á luz da teologia legitimando-as combatendo a ideia de alguns, de que tal devoção era idolatria. Com esta intervenção, o culto ao Sagrado Coração, propagou-se rapidamente, sendo incentivado pelos papas, através de indulgências deixando de ser perseguido. Em 23 de agosto de 1856 o Papa Pio IX estendeu a toda a igreja a festa do Sagrado Coração de Jesus fixando-a para a primeira sexta feira, após a oitava de Corpus Christi. Assim nasceu a festa anual do Sagrado Coração de Jesus. 
O Divino Mestre não encerrou os apelos de seu coração com Santa Margarida, no decorrer dos anos, ainda através de revelações místicas e ensinamento dos nossos pontífices, a devoção ao sagrado coração se renova. Nos dizeres de São João Paulo II "O homem ... tem necessidade do Coração de Cristo para conhecer a Deus e conhecer  a si mesmo." (Mensagem do Papa João Paulo II em 1999, no Centenário de Consagração do mundo ao Sagrado Coração).


Obras consultadas:
Vida de Santa Margarida Maria Alacoque - escrita por ela própria. Edições Loyola 1985
Santa Margarida Maria, confidente e Apóstola do Coração de Jesus. Edições Loyola
Amor, paz e alegria de Pe. André Prévot (http:alexandriacatolica.blogspot.com.br)

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